Contato e amamentação nos primeiros momentos
O ato e amamentar precisa ser uma ocasião e ato de contato prazer .
Amamentar o bebê é uma experiência de construção transformadora, para ambos personagens: mãe e bebê.
Biologicamente o ritmo de sucção é instintivo, mas o ambiente e estados emocionais, tanto da mãe como da criança podem contribuir negativamente para essa ocasião de prazer, tornar-se tensa.
Logo após o nascimento, reações fisiológicas no corpo da mãe ocorrem, tais como, o retorno ao tamanho original do útero, a liberação do colostro. Viabilizar o contato da recém-nascido neste momento é importante para que as primeiras mamadas ocorram e assim serem criadas as interações precoces. Essas interações farão com que matizes sejam formadas, ou seja, o imaginário da criança quanto a vida, quanto a criatividade, quanto a sobrevivência sejam estabelecidos.
Uma importe contribuição foi dada pelo Pediatra e Psicanalista Winnicott, que comentou em um dos seus seminários, transmitido pela BBC de Londres, onde concluiu pelas suas observações que, diante de prejuízos ocorridos no processo do amamentar, grandes danos seriam futuramente observados em indivíduos adultos em sua curiosidade, em sua capacidade criativa, uma vez, quando bebê, ao buscar o seio, por alguma razão sentiu desprazer ou ansiedades nesse processo. Explicou Winnicott que, diante dessa circunstâncias ansiogênicas e de desprazer, o ato da boca buscar o seio, perdia seu sentido, era nula. Parafraseando Winnicott, e comparando suas conclusões, penso já ter me deparado com pacientes adultos que mesmo ocupando posições executivas em Empresas, estão sem aquela ousadia para buscar ultrapassar obstáculos, sem a abertura e a curiosidade necessária para desvendar mistérios e de se buscar alternativas para problemas da realidade corporativa. Com isso imagino o quanto seria interessante e vital analisar e trazer para processos terapêuticos o quanto esses sintomas podem estar calcados nesses primeiros momentos da vida, no momento do contato com corpo e seio materno.
Voltando para a relação mãe bebê, a insuficiência do contato físico, do contato com o seio e das mamadas essenciais, podem também ser desencadeados processos de desarmonia do funcionamento das funções e necessidades vitais do organismo do bebê, despertando por conta do atendimento insatisfatório dessas necessidades a chamada angústia primordial. Por sua vez, essa angustia primordial faz transbordar fenômenos psicossomáticos variados tais como: insônia, cólicas intensas, alterações do ritmo respiratório, do funcionamento intestinal, no digerir alimentos. Em relação a mãe, diante do fracasso em ter o contato e poder amamentar o seu bebê, sentimentos de baixa-estima e de falta de autoconfiança são construídos. Os membros da família, principalmente o pai, precisam dar apoio dessas circunstâncias para amenizar o ambiente e a atmosfera tensa que está ao redor da mãe e do bebê.
Algumas dicas são importantes diante da dificuldade do amamentar o recém-nascido:
- O trabalho psicoterapêutico individual, em casal, ou até mesmo em apoio às famílias que vivenciam problemas no tocante ao processo de amamentação, onde foram ativados problemas psicossomáticos é importantíssimo e necessário para se retomar a harmonia e se fazer fluir o entendimento entre a mãe e o recém-nascido.
- Olhar a foto do bebê antes de efetivamente trazer o bebê para o ato amentar pode diminuir a ansiedade.
- Antes de amamentar o bebê, tocá-lo e acariciá-lo, aconchega-lo, pode ajudar no processo.
- Aplicar compressas quente pode ajudar na liberação do leite.