Síndrome de Asperger
A síndrome de Asperger é um diagnóstico que está incluso dentro dos transtornos de neurodesenvolvimento. Neste transtorno, é típico ocorrer uma problemática nos processos de socialização, comunicação e as vezes, também no aprendizado.
Mais predominantemente, na Síndrome de Asperger, os prejuízos ocorrem na interação social do portador, mostrando interesses por coisas do dia a dia muito especificas, que acarretam em manifestações de comportamentos limitados.
Não é observado nesta Síndrome, como nos clássicos casos de autismo, características precoces de retardo clinicamente, significativo atraso na linguagem falada ou na percepção da linguagem, nas habilidades de autocuidado e na curiosidade sobre o ambiente.
Observa-se nos casos da Síndrome, como já mencionado, interesses muito específicos e intensos que, ocupam totalmente o foco da atenção do portador, durante determinado período de tempo. Também é observado nos portadores da Síndrome, reações especificas e típicas no processo de interação e comunicação, de forma a, nitidamente ser percebido que tais indivíduos, em suas interações, estabelecem um monólogo, caracterizado por uma fala prolixa..
Em muitos casos, nota-se claramente uma dificuldade quanto a desenvolverem uma coordenação motora mais refinada, embora não seja essa uma condição necessária para o diagnóstico.
O nome da Síndrome se deu, em referencia a Hans Asperger, pediatra austríaco que dedicou-se a descrever o comportamento de quatro crianças que tinham dificuldade em interagir em grupo.
Hans Asperger denominou a condição apresentada dessas crianças como “psicopatia autística”, na qual prevaleciam um marcado comportamento de isolamento social. Dentro desse critério de isolamento social, incluiram-se as características de pouquíssimo uso da comunicação não-verbal, que são gestos que usamos para auxiliar a comunicação falada ou aquilo que queremos expressar, tom de voz “retilíneo” e “apático”, sem modulações e reduzida expressão da afetividade com tendência a ficarem explicando racionalmente aquilo que se sente.
Hans Asperger, “apelidou” essa tendência que os portadores da Síndrome têm quanto ficarem explicando racionalmente reações emocionais, e adotarem uma linguagem polida e altamente formal de “pequenos professores”.
Notadamente, aqueles que são acometidos pela Síndrome, mostram-se aficionados por temas específicos, onde seu foco de atenção é absorvido. Diante disso, ao iniciarem um discurso, este é dominado e o interlocutor fica até “admirado” com a fluência e proeza com que discorrem sobre determinado tema.
A forma de abordar e de interagir do portador da Síndrome de Asperger é caracterizada por ser excêntrica e inapropriada. Por exemplo: ao atenderem ao telefone, podem ficar mudos, por não saberem ao certo quando é sua vez de falar, ou demonstrarem em uma conversa, grande “franqueza” e insensibilidade ao exibirem seus pontos de vista. Isso prejudica muito as suas interações interpessoais. Não percebem sutilezas, piadas com duplo sentido, segundas intenções, não interpretam conteúdos que estejam nas entrelinhas. Não sabem identificar as pistas emocionais transmitidas. Essas pistas e sinais fogem à sua percepção, uma vez ser mais inclinado a perceber coisas, como já mencionado objetivas e literais.
Por vezes, o tom da voz pode apresentar-se desalinhado, por exemplo, em um ambiente silencioso como uma enfermaria de hospital que requer silêncio, ao falarem, mesmo que próximo fisicamente da pessoa com quem conversa, a potência do som fica desproporcional ao contexto.
Quanto a capacidade de manterem a atenção e a concentração em assuntos e situações aleatórias àquelas que não são do foco de interesse, mostra-se diminuta. Diante de uma conversa onde estejam mais um individuo interagindo, relatam os portadores não entenderem o que se está sendo conversando.
São fortemente apegados a regras formais do comportamento e às rígidas convenções sociais. Com base nesses critérios, podem transmitir a impressão de ingenuidade social e rigidez comportamental.
Acumulam uma grande quantidade de informações literais sobre tópicos muito específicos, mas sem uma genuína compreensão dos fenômenos mais amplos envolvidos. Naturalmente na infância esses interesses são mais naturais acontecerem, por este motivo, a Síndrome passa desapercebida nesse período.
Do ponto de vista neuropsicológico, o padrão elevado e funcional está nas habilidades auditivas, verbais e na eficiência do aprendizado repetitivo. Quanto aos déficits, estes são encontrados nas habilidades visuomotoras e visuoperceptuais e no aprendizado conceptual.
Certamente os portadores da Síndrome de Asperger enfrentam desafios e estes acometem o individuo à labilidade de humor, podendo-se disso pensar que vivencie uma condição com moderado potencial incapacitante. Pela labilidade humoral e grande ansiedade associada, podem haver episódios disruptivos, com explosões de raiva, podendo estes serem isolados e ocorrerem com mínima frequência, como respostas específicas e momentâneas a situações adversas ou estressantes.
A recorrência da condição humoral pode direcionar o portador da Síndrome a atitudes mais introspectivas e silenciosas.
As características da Síndrome de Asperger podem, se não bem diferenciadas entre outros quadros clínicos, ser confundidas entre si, principalmente quando se trata da dificuldade do individuo em lidar diante de situações que exigem maior flexibilidade, neste caso, com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou com o Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo (TPOC).
Diante de situações imprevistas, onde sejam requeridas adaptação às mudanças, os portadores da Síndrome de Asperger, exibirão dificuldade em incluí-las em seu repertório, certamente remontando a sentimentos e eventual expressão emocional exagerada (choro, raiva, flutuações emocionais).
Para saber mais informações, ouça a entrevista concedida a Radio Trans Mundial em 06/10/2021 ou fale com o Especialista